O dia perfeito

Num dia como este, um dia preguiçoso, quando começo a raciocinar, tomar atitudes, um dia como este, nem quente nem frio, nem ensolarado nem chuvoso, um dia comum, cinza, um dia pra ouvir jazz, em que a paisagem não muda porque não quer mudar, um dia envergonhado de sí mesmo, um dia com preguiça de dizer suas ordens aos que esperam por elas, um dia pra se pensar em nada, pra se fazer nada, um dia pra esperar a noite chegar en noir et rouge. Um dia pra conceber coincidências, um dia pra que o telefone não toque, um dia que não queremos que passe, e ao mesmo tempo, temos euforia pelo dia seguinte, um dia sem luz nem sombra, nesse dia pra bocejar, um dia pra manter o tédio, mantê-lo com carinho como se fosse um grande amigo, velho conhecido que vem nos visitar depois de anos de afastado, um dia que até as lagrimas caem mais leves e mais lentas, esse sim é um bom dia pra se internar em si mesmo, um bom dia como esse pra morrer, se é que nos permitimos morrer num dia de não fazer nada.

Um comentário:

Marília Salles disse...

Oi Eder,
amei esta postagem!
queria um dias desses pra mim...
beijos
Marília.