Palavras, Palavras e mais palavras

Caminhando sozinho naquela noite pra casa, a rua tranquila, vazia, como a vida vazia. No silêncio noturno eu podia ouvir as palavras, que formavam frases, que formavam paragrafos, páginas, livros inteiros, livros de solidão. Jogo de palavras com seus significados e a cada significado, um julgamento, nos quais tropecei pelo caminho.
Agora me pergunto o que me fez caminhar e ouvir as palavras sussurradas pelo vento noturno? Mas mesmo antes de me questionar a respeito, eu já sabia a resposta, talvez não seja eu quem me interrogue, mas sejam apenas as palavras que me perguntem quando serão usada, em que sentido, para expressar que desejos, que ambições, que sentimentos, e qual a sua intencionalidade. Essas mesmas palavras são as quais em silêncio aguardam ser ditas, escritas, expressas de alguma forma e talvez eu, diante delas, tenha duas coisas e uma escolha a fazer, posso sentir e expressar, e escolher entre usá-las ou não.
Ainda assim, essas mesmas palavras tem ainda outra função aos ouvidos de quem as ouve ou aos olhos de quem as lê, que é fazer sentido ou não, expressar exatamente o que eu quis dizer ou não, pois olhos e ouvidos de outrém possuem em sí próprios suas dúvidas, certezas, convicções, paixões. Assim, palavras ditas ou escritas não morrem por aí, mas continuam a viver e a dizer muito mais do que imaginamos, pois permanecem em peregrinação por olhos e ouvidos até mesmo daqueles que desconhecemos.

Um comentário:

Marília Salles disse...

a força das palavras é impressionante e chega ser dilacerante. Ainda assim, há quem as use sem nenhum valor!

parabéns pelo belo texto!

beijos,
Marília.